Theatro Municipal de Niteroí

Teatro Municipal

O Theatro Municipal de Niterói, localizado no Centro da cidade, é considerado um dos berços do teatro brasileiro. Em 1827, funcionou no local uma pequena casa de espetáculos, onde em 1833 passou a se apresentar a primeira companhia nacional da história do país.Em 1842, João Caetano,um dos maiores atores do século XIX, com ajuda do Marquês do Paraná, adquiriu o espaço, reformou, e fundou o Theatro de Santa Threza em homenagem à Imperatriz .

Após a sua morte, em 1863, o Teatro foi reinaugurado em 1884, tendo adquirido o perfil arquitetônico atual nessa penúltima década do século XIX.Nesse período, foi elaborada a fachada da Casa , em estilo neoclássico. Já o teto da sala de espetáculos, os balcões policromados e o Salão Nobre foram feitos em estilo campestre pelo artista alemão Thomaz Driendl.

Cabe acrescentar, ainda, que ao fundo da Sala de Espetáculos encontra-se um pano de boca em estilo moderno do artista alemão Roberto Burle Marx, datado de 1993.Como parte integrante de sua história, é fundamental mencionar a grande obra de restauração, liderada por Cláudio Valério Teixeira, finalizada em 1995, na qual incluiu a Sala Carlos Couto ao complexo.Esta última obra foi uma das restaurações mais profundas que se tem notícia do Patrimônio Cultural brasileiro, recebendo o prêmio Rodrigo Mello Franco de Andrade -IAB-RJ. O Theatro Municipal de Niterói é tombado pelo pelo INEPAC desde 1990,está localizado em frente ao Plaza Shopping e possui acessibilidade para pessoas com deficiência.

Teatro Municipal ( Verbete )

1 ° SAIBA +

João Caetano(1808-1863) era um dos artistas mais respeitados no Império do Brasil e circulava no meio da alta sociedade do século XIX, tendo o seu nome se tornado conhecido e respeitado em alguns países da Europa. Esse grande ator, que inaugurou esse Teatro e esteve presente no palco entre 1842 e 1863 , era tão prestigiado em seu tempo que os benefícios que recebia da classe política eram similares aos de um ministro de estado. Entre os seus amigos e colegas de trabalho figuravam nomes de peso como Martins Pena e Joaquim Manuel de Macedo.Há relatos de que após apresentar a peça A Gargalhada em 1845, João Caetano foi carregado, do palco até o camarim, pelo público entusiasmado. Além disso,de acordo com Carlos Wehrs, como os espetáculos eram longos e acabavam tarde, havia uma barca em horário especial que saia de Niterói em direção à capital 30 minutos depois de cada evento.

Tendo em vista o prestígio de João Caetano e a proximidade de Niterói ao Rio de Janeiro, esse teatro era frequentado por membros da família real, o Imperador Pedro II e a Imperatriz Thereza Christina tinham um camarote de honra. Nesse local, por exemplo, inúmeras vezes houve eventos cívicos de comemoração do dia da independência e do aniversário da primeira constituição brasileira, de 1824. A Princesa Isabel, chegou a cantar no palco em uma dessas festas. Nesse contexto, o teatro era um espaço de exaltação da identidade nacional e servia ao mesmo tempo como propagador da legitimidade política do Império.

Entretanto, após a morte de Caetano o teatro fechou, sendo reaberto em 1884 sob a liderança do maestro Felício Tati, um italiano que há anos morava em Niterói Na cerimônia de abertura compareceram o imperador, a imperatriz, o presidente da Província do Rio de Janeiro, ministros, senadores e deputados. Foi nessa época que o teatro adquiriu o perfil arquitetônico atual. Vale destacar, ainda, que o jovem pintor Antônio Parreiras, talentoso aluno da Academia de Belas Artes, produziu um pano de fundo para o teatro, com a paisagem da praia de Icaraí. Contudo, o trabalho foi rejeitado pois na época havia uma certa rejeição à estética paisagista e Parreiras teve de fazer outro pano de fundo. Dessa vez, pintou as ruínas do Coliseu, trabalho que foi aceito.

2 ° SAIBA +

Na época da 2° Revolta da Armada( 1893-1894), a guerra civil que assolou o país por seis meses, o centro de Niterói foi bombardeado e o teatro ficou semi-destruído. Nesse contexto, a capital do estado do Rio de Janeiro, Niterói, foi transferida para Petrópolis, tendo retornado para Niterói apenas em 1902, por ordem do então governador e importante líder republicano, Quintino Bocaiúva.

Com o fim da guerra civil, o teatro foi reconstruído, sendo reinaugurado em 1897. Além disso, uma nova reforma foi realizada em 1904 e o espaço foi equiparado aos melhores do Rio de Janeiro , época essa em que foi criada a Prefeitura de Niterói.

Diversas companhias passaram pelo teatro no século XX, valendo o destaque para as de Arthur de Azevedo, a Dias Braga, e também para a figura de Ismênia dos Santos. Vale destacar que entre 1911 e 1918 houve uma intensa produção artística no teatro. Já nos anos 1930 o espaço ficou limitado às convenções cívicas de promoção da identidade nacional em torno da figura de Getúlio Vargas. Cabe enfatizar, ainda, o grande restauro feito em 1995, que foi uma das maiores recuperações de patrimônio cultural já vistas em todo o país. Nessa restauração foi priorizado o aspecto que o teatro adquiriu em fins do século XIX, e foram descartadas as reformas que feitas ao longo do século XX que descaracterizaram o perfil campestre no ambiente interno e a fachada neoclássica do espaço. Vale ainda ressaltar que em 1998, morreu no palco do Teatro Municipal de Niterói, um dos maiores cantores da história brasileira, Tim Maia, sendo o seu velório feito dentro do Teatro.

Considerando que a História continua viva e em movimento, o Teatro Municipal de Niterói foi palco de eventos marcantes de nossa história. Por aqui se exaltou a identidade nacional nos tempos do império e também nos tempos da ditadura republicana de Vargas. Por outro lado é um lugar de memória dos conflitos políticos e das contradições da realidade brasileira, que culminaram na Revolta da Armada. Fica demonstrado também a mudança do padrão estético ao longo do tempo.Em 1884, o pano de fundo aceito eram as ruínas do Coliseu, a natureza foi desprezada. Um século depois, em 1993, foi a vez da natureza predominar com um pano de fundo totalmente antiacadêmico e moderno , feito por Roberto Burle Marx.