Palácio dos Correios
O Palácio dos Correios de Niterói foi inaugurado em 14 de novembro de 1914 com a presença do presidente Hermes da Fonseca. O prédio, projetado por Antônio Vanninni, conta com o estilo arquitetônico eclético, que dialogaria futuramente com a reforma urbana levada a cabo por Feliciano Sodré. Em 1990, o Insituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC) determinou seu tombamento e em 1993 foi a vez da Prefeitura de Niterói. Em 21 de março de 2014, o Palácio foi reaberto após restauração que reavivou as cores e os padrões originais internos e externos. Além disso, em 14 de novembro, seu centeránio, foi inaugurado o Espaço Cultural com a sala histórica, onde expõe os itens que contemplam seu período de construção, incluindo as plantas arquitetônicas, salas de exposição, auditório para eventos e salas de oficina.
O Palácio é aberto à visitação e exposições periódicas gratuitas de segunda à sexta das 11h às 18h, e sábado de 13h às 17h.
Saiba mais:
O Palácio dos Correios foi inaugurado em 1914, período em que Niterói era capital do estado do Rio de Janeiro. A cidade, durante as duas primeiras décadas do século XX, passou por um processo lento de reformas urbanísticas. Tais intervenções expressavam o desejo de legitimação da ordem republicana em detrimento do poder imperial. Por esta razão, sua arquitetura viria a dialogar com o futuro Centro Cívico da cidade que começaria a ser erguido justamente em 1914 com sua eletrificação e a chegada dos bondes.
A iniciativa de sua construção provém da demanda dos niteroienses ao presidente Hermes da Fonseca através de abaixo-assinado solicitando a construção de uma nova sede para os correios que fosse capaz de atender os envios postais da capital, uma vez que o salão da Companhia Cantareira já não supria. A partir disso, ficou a cargo do Ministro da Viação, José Gonçalvez Barbosa atender os pedidos, destinando o projeto aos traços arquitetônicos de Antônio Vanninni, e a construção ao engenheiro Leopoldo Cunha.
Jornal O Fluminense publica “Jovens destroem Patrimônio Histórico pichando monumentos da cidade”. A matéria retrata com pavor a ação de jovens no Palácio dos Correios como questão de segurança pública. Paulo Knauss, historiador da Universidade Federal Fluminense, explica a ação como uma transgressão cuja valorização é própria ao grupo urbano a que eles pertencem. Dentro deles, as premissas sociais são suspensas permitindo agir à margem das práticas socialmente aceitas.
Uma das marcas dos pichadores é a exclusão social. A intervenção no Palácio dos Correios explicita uma reapropriação do espaço. Geralmente, apropriado pelas suas estruturas internas, o Palácio assume uma dupla função, espaço cultural e agência dos Correios. Tais apropriações são pensadas previamente e controladas. Os jovens, por outro lado, reapropriam as estruturas externas do prédio rompendo com o uso controlado do espaço através da pichação, ação cujo grau de transgressão foi considerado como vandalismo e questão policial nos anos 2000.
As intervenções dos jovens evidenciam os conflitos espaciais que atravessam o patrimônio urbanístico. As exclusões promovidas tanto pelo grupo quanto pelo externo a ele, através da repressão, mostram um distanciamento dos pichadores em relação ao Palácio dos Correios como patrimônio, designação que reflete o ideal de preservação. Em contraposição, eles não deixam de ocupar o espaço, se reapropriando dele por meio da transgressão.