Praça da Cantareira
Ícone da socialização dos estudantes de diversos cursos da Universidade Federal Fluminense (UFF), a praça da Cantareira, que possui o nome formal de Praça Leoni Ramos, se notabilizou pelo comércio informal de comidas e bebidas, que são adquiridos pelos estudantes nos dias em que se reúnem no espaço da praça.
Símbolo de facilidade de acesso a bens que, geralmente são mais caros nos bares do entorno da região, os vendedores informais, como os que vendem os famosos pasteis de 40 (quarenta) centímetros a preços módicos.
Os ambulantes conquistaram sua regularidade e o direito de ficarem no espaço depois de muita luta junto aos órgãos de regularização, inclusive tendo seu próprio ponto de luz e regularização de taxas de ISS junto à prefeitura. Indubitavelmente isso se deve à grande simbiose que se deu entre os alunos e os comerciantes, que juntos dão vida à região e fazem a Cantareira ser o símbolo social e cultural que é para a cidade de Niterói.
Destacáveis são as comemorações que ocorrem em alguns estabelecimentos da região, como o snooker, onde as pessoas vão para jogar sinuca e ouvir música e o Espaço Convés, próximo ao Forte do Gragoatá, onde ocorrem festas de diversos estilos, como hip hop e rock. Na parte central da Praça da Cantareira, em tempos pré-pandêmicos, ocorriam às segundas feiras, roda de samba e, às terças-feiras, batalha de compositores amadores de hip hop, que denota o caráter democrático das opções de lazer da região. O dia mais movimentado da região, sem dúvida, eram as quintas-feiras, pois era o último dia de aula da semana para vários estudantes da UFF.
Saiba Mais
Apesar de oficialmente ser chamada de Praça Leoni Ramos, a praça é popularmente conhecida como Praça da Cantareira, e isso se dá por conta de ali ter funcionado a Companhia Cantareira de Viação Fluminense, que ali funcionou até o ano de 1950.
Com a implementação do Aterro da Praia Grande, em 1940, que modificou a paisagem do bairro de São Domingos e retirou colônias de pescadores que da Baía de Guanabara tiravam seu sustento retirado e foram deslocados, junto com o lixão da cidade, para a região do Morro do Céu.
Condomínios de luxo tem se instalado na região ao longo da Avenida General Milton Tavares de Souza bem como Centros culturais voltados a públicos de maior poder aquisitivo, como o Reserva Cultural, cujo cinema e polo gastronômico não possuem preços populares.
No espaço da praça propriamente dito, os bares e restaurantes como o “Mãe d’Água” e o “Tio Cotó”, localizados nas margens da praça, são opções para aqueles que podem dispender mais dinheiro em uma refeição e para consumo de cerveja.
No espaço central encontram-se os vendedores de balas, cigarros e bebidas, que são mais acessados por àqueles que permanecem nos eventos que acontecem no espaço central da praça. Nas margens do espaço central da praça estão as barraquinhas de lanches, consumidos por aqueles que permanecem nesse local.
Por fim, importante ressaltar a multiplicidade de possibilidades que ainda permanece na praça, apesar de um crescente processo de gentrificação, principalmente por conta da presença dos estudantes da UFF, que vêm dos campi Gragoatá e Praia Vermelha para confraternizar e socializar no local.
Fonte: SILVA, Laila Borges – A noite na Praça da Cantareira: dinâmicas e conflitos em uma região moral de Niterói, UFF, 2018
