Praia de Icaraí
A praia de Icaraí é localizada no meio de um centro urbano, o que faz dela um refúgio natural: de um lado, prédios, carros, ônibus e movimento intenso de pessoas indo e vindo de seus afazeres e, do outro, a areia e o mar com uma vista espetacular do Pão de açúcar e do Corcovado.
Além de caminhar pela orla ou parar para tomar um pouco de sol, diversas outras atividades podem ser realizadas na praia de Icaraí. O lazer esportivo é uma marca registrada dessa praia. Aqui, é possível fazer parte de aulas públicas e particulares de diversos esportes, como vôlei, circuito funcional, beach tennis, jiu-jitsu, stand up, dentre outros. Além disso, é possível utilizar a estrutura esportiva das escolinhas, como redes de vôlei e tênis de praia, para uso pessoal fora dos horários das aulas. Competições de futevôlei, vôlei de praia e esportes similares costumam acontecer com frequência.
Outra atração da praia de Icaraí é a Pedra de Itapuca, localizada exatamente em sua divisão com a Praia das Flexas. A pedra é também conhecida por “Pedra dos Índios” e é tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural como monumento natural de Niterói. Formada por erosão natural do solo, seu nome vem do tupi-guarani e significa “Pedra Furada” ou “Pedra que Ri”. De acordo com a crença indígena local, a rocha abriga os espíritos da indígena Jurema e do guerreiro Cauby, que foram mortos como forma de castigo por viverem um romance proibido, mas suas almas foram agraciadas por Jacy (representação da Lua) que suplicou a Tupã que permitisse o casal de viver ali sua eterna história de amor.
A praia de Icaraí é, portanto, não só um ponto de encontro de lazer entre niteroienses, mas um local que vale a pena ser visitado por todos, seja pela paisagem, pelas atividades esportivas ou por sua história e valor cultural.
Saiba Mais:
1: Até meados da década de 1920, frequentar praias fluminenses com fins recreativos não era nada comum. Tomar banho de mar também não fazia parte dos hábitos dos cariocas e nem dos niteroienses. Foram os imigrantes que introduziram essa prática nas cidades de Niterói e do Rio de Janeiro, principalmente os britânicos e os alemães, que tiveram papel importantíssimo na urbanização de Icaraí e na apropriação do espaço da praia.
Para os fluminenses, a maior função das praias era despejar restos e dejetos. Na Europa, porém, banhos de água salgada já eram estimulados por médicos desde o século XVIII. Dessa forma, bairros como Icaraí passaram a ser procurados como destino de moradia fixa ou de veraneio pela elite inglesa e alemã que habitava a cidade de Niterói. Alguns anos mais tarde, a tradição balneária foi incorporada pelos nativos e é marca registrada não só do bairro, mas de todas as cidades litorâneas do estado.
Fonte: BEZERRA, Maria Cristina Caminha. Britânicos e Alemães e Niterói: Um Estudo de Imigração Urbana. 2015. Tese (Doutorado) – Curso de História, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2015.
2: Apesar de seu grande significado e valor turístico, a praia de Icaraí enfrenta um grave problema em relação à poluição das águas. Por se tratar de uma praia banhada pela Baía de Guanabara, recebe o despejo de diversos tipos de lixos, como dejetos químicos, líquidos e sólidos liberados por indústrias. Por isso, o banho de mar em Icaraí não é recomendado.
Durante a primeira metade do século XX, as águas não enfrentavam esse problema. No entanto, a partir do fim da década de 1960, muitas pessoas passaram a apresentar sintomas de doenças como hepatite após banho frequente nos mares das praias da Guanabara. Estudos realizados identificaram altos índices de bactérias proveniente de elementos poluentes jogados ao mar. A partir disso, jornais da cidade fizeram campanhas para alertar banhistas a deixar de frequentar a praia. Além disso, o combate à poluição passou a ser um problema de saúde pública na cidade de Niterói.
http://memoria.bn.br/DocReader/030015_08/103508 (Jornal do Brasil Ano 1967\Edição 00126 (1))
http://memoria.bn.br/DocReader/100439_11/74207 (O Fluminense Ano 1970\Edição 20693 (1))
https://colunadogilson.com.br/o-lendario-trampolim-da-praia-de-icarai/
3: Na década de 1930, mais especificamente no ano de 1936, foi construído, na praia de Icaraí, um Trampolim de três andares. A procura pela atração era grande entre pessoas de diversos gêneros e idades e não demorou para que se tornasse o maior ponto de encontro da praia.
Com os mares limpos e propícios ao banho, as pessoas utilizavam o trampolim para mergulho e, até mesmo, para pesca. Com o tempo, a maresia e as grandes ondas corromperam a estrutura de concreto e as vigas começaram a aparecer e provocar acidentes. De acordo com a Edição 00698 de 1961 do jornal “Última Hora”, o trampolim tinha feito 23 vítimas até então. Com a baía de Guanabara cada vez mais imprópria para o banho, tentativas de restauração do trampolim não foram cogitadas e a solução foi implodi-lo, em 1965.
Apesar das dificuldades que enfrentou, o trampolim foi muito importante para o turismo e o lazer de Niterói durante seu período de funcionamento.
Referências:
http://memoria.bn.br/DocReader/386030/76016
http://memoria.bn.br/DocReader/386030/78706
https://colunadogilson.com.br/o-lendario-trampolim-da-praia-de-icarai/ https://acervo.oglobo.globo.com/em-destaque/trampolim-de-icarai-vira-cartao-postal-de niteroi-dos-anos-30-ate-decada-de-60-21681850